27/08/2025
A Leishmaniose Visceral Canina é uma doença parasitária causada pelo protozoário Leishmania infantum, transmitida ao cão pela picada de flebotomíneos infectados. Esses insetos, popularmente conhecidos como “mosquito-palha”, estão presentes principalmente em regiões quentes e úmidas, mas têm se expandido para áreas urbanas, o que aumenta o risco de infecção para cães que vivem em cidades.
A relevância dessa doença vai além do impacto sobre o animal: trata-se de uma zoonose, o que significa que também pode afetar seres humanos. Por isso, identificar e tratar rapidamente os cães infectados é fundamental não apenas para preservar a saúde deles, mas também para reduzir o risco de disseminação na comunidade.
Como a Leishmaniose Visceral Canina evolui no organismo do cão?
Após a infecção, o parasita se instala principalmente em células do sistema imunológico, como os macrófagos, e passa a se multiplicar de forma silenciosa. O organismo do cão tenta reagir, mas nem sempre consegue eliminar o invasor.
Essa luta interna pode durar meses ou até anos, período em que o animal pode não apresentar sinais clínicos evidentes, mas já representa uma fonte potencial de infecção para os flebotomíneos. Com o avanço da doença, surgem alterações cada vez mais visíveis e debilitantes:
- feridas que não cicatrizam: geralmente localizadas em áreas de maior atrito, como orelhas e focinho.
- crescimento anormal das unhas (onicogrifose): sinal frequente em casos mais crônicos.
- problemas oculares: inflamações persistentes e uveítes.
- aumento do fígado e do baço: perceptível ao exame físico.
perda de peso acentuada e fraqueza muscular: consequência do desgaste metabólico provocado pela infecção.
Impactos no organismo: o que acontece se não houver diagnóstico?
Quando a Leishmaniose Visceral Canina não é detectada precocemente, o parasita pode comprometer órgãos vitais e desencadear complicações sérias. O sistema renal é um dos mais afetados, pois os glomérulos sofrem danos provocados por complexos imunológicos, levando a perdas de proteínas na urina (proteinúria) e, em estágios mais avançados, à insuficiência renal crônica.
Além dos rins, o sangue e o sistema imunológico também sofrem alterações importantes:
- alterações renais: acúmulo de ureia e creatinina no sangue, sinalizando falência renal.
- anemia grave: geralmente não regenerativa, prejudicando a oxigenação dos tecidos.
- queda da imunidade: aumentando a suscetibilidade a infecções secundárias, que complicam ainda mais o quadro clínico.
Sem diagnóstico e intervenção, a doença pode evoluir rapidamente para um estado crítico, reduzindo drasticamente a expectativa de vida do animal.
O diagnóstico precoce na prática veterinária
Para evitar que a Leishmaniose Visceral Canina alcance estágios avançados, o acompanhamento preventivo é indispensável. O diagnóstico não deve ser baseado apenas na observação clínica, já que os primeiros sinais podem ser confundidos com outras doenças.
É essencial associar histórico epidemiológico, exame físico e métodos laboratoriais específicos. Entre as principais ferramentas diagnósticas estão:
- testes sorológicos (ELISA e RIFI): detectam anticorpos contra o parasita e são amplamente utilizados como exame inicial.
PCR (Reação em Cadeia da Polimerase): identifica o DNA do protozoário e confirma a infecção ativa, sendo o PCR quantitativo ainda mais útil para monitorar a evolução do tratamento. - citologia e histopatologia: possibilitam a visualização direta dos parasitas em amostras de linfonodos, baço ou medula óssea, garantindo uma confirmação definitiva.
- hemograma e bioquímica sérica: ajudam a avaliar o impacto da doença sobre a função renal, a presença de anemia e o estado geral do organismo.
Cada uma dessas etapas contribui para um diagnóstico completo, que deve ser interpretado pelo médico-veterinário de maneira integrada.
Tratamento: o que muda quando a doença é descoberta cedo?
O tratamento da Leishmaniose Visceral Canina tem como objetivo reduzir a carga parasitária e melhorar a qualidade de vida do cão. Quando iniciado precocemente, os medicamentos apresentam maior eficácia e há menos risco de complicações severas. Além disso, o manejo clínico é mais simples e as chances de o animal manter uma vida longa e estável são significativamente maiores.
Nos casos em que o diagnóstico é tardio, a doença pode já ter causado lesões irreversíveis, principalmente nos rins. Nesses cenários, além dos medicamentos específicos, são necessárias terapias de suporte, dietas restritivas e cuidados contínuos, tornando o processo mais complexo e oneroso.
Prevenção: a melhor estratégia para proteger seu cão e sua família
Mesmo com métodos avançados de diagnóstico e tratamento, a prevenção continua sendo a forma mais eficaz de lidar com a Leishmaniose Visceral Canina. Proteger o animal do contato com o vetor é a chave para evitar a infecção. As principais medidas incluem:
- coleiras repelentes: criam uma barreira de proteção contra o flebotomíneo.
- ambientes limpos e secos: eliminar acúmulo de folhas, lixo orgânico e umidade ajuda a reduzir a presença do mosquito.
- proteção em horários de maior atividade do vetor: o uso de telas e repelentes é indicado principalmente ao entardecer e à noite.
Adotar essas práticas de forma contínua é essencial para manter os cães saudáveis e diminuir a circulação do parasita no ambiente.
Por que a conscientização é parte fundamental do combate à Leishmaniose Visceral Canina?
Muitos tutores ainda desconhecem a gravidade dessa doença ou acreditam que ela afeta apenas cães de zonas rurais. Na realidade, a urbanização do vetor e a expansão da doença mostram que todos os animais estão suscetíveis, independentemente de onde vivem.
A informação correta ajuda a salvar vidas: campanhas educativas, consultas periódicas e exames preventivos devem fazer parte do cuidado básico com qualquer cão que resida ou viaje para áreas de risco.
A Leishmaniose Visceral Canina é uma doença séria, que exige atenção constante e ações rápidas. Diagnosticar cedo salva vidas, preserva a saúde dos cães, facilita o tratamento e reduz o risco de transmissão para outros animais e para o ser humano.
Se você vive em regiões onde a doença é endêmica, converse com seu médico-veterinário, realize exames preventivos e mantenha as medidas de proteção durante todo o ano.